terça-feira, 12 de maio de 2009

Foi deste abril que me trouxeste.

Foi deste abril que me trouxeste. Um abril em cimento, de linhas brancas que assassinam o chão e que ditam verticalmente aos carros como estacionar, um abril alto que se esconde por detrás de luzes domésticas. No riso de nuvens que saí da tua boca eu desenhei um afecto imposto, tinha a forma circular dos meus devaneios e era recortado nas margens por um amanhã ausente. Maltrata me o frio deste abril que me manda curar os hematomas com quantidades de algodão do armário, maltrata te o frio deste abril que te ensinou a andar dois passos até a minha presença física. Os teus braços viam qualquer estrela lá em cima e julgava que a ias agarrar e leva la para casa para disfarçar o escuro grotesco do teu quarto. De repente, entra me um cerco incomodado de hábitos esquecidos de significado, um grito algemado de vozes renascidas. De repente, os teus braços convencem se nas minhas costas e a tua cabeça ausculta me os batimentos cardíacos. Um abraço que ainda não foi sujo pelo egoísmo das palavras, vem até mim.

 

Faço o sinal da cruz e agradeço este abril que me trouxeste

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